Suspeito de ferir um idoso com faca em uma manifestação, dono de uma chácara (na região de Arniqueiras, no Distrito Federal) utilizada como ponto de apoio de um grupo de extrema-direita que realiza atos pró-Bolsonaro e investigado por ameaçar, em vídeo, o governador do DF, Ibaneis Rocha (MDB). Este é o breve perfil do fazendeiro goiano André Luiz Bastos Paula Costa.
Pela gravação dos vídeos contra o governador Ibaneis, André é investigado pela Delegacia de Crimes Cibernéticos (DRCC), da Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF). Da mesma forma, a PCDF vai intimar o produtor rural pelo uso da chácara por extremistas a prestar depoimentos. Quanto a facada, que também envolveu um idoso, o crime foi registrado em 2018.
Vítima de facada
Em 7 de abril de 2018, André Luiz, que estaria comemorando com um grupo de amigos a prisão do ex-presidente Lula, foi levado a uma delegacia por acertar o braço de um homem com uma faca, no setor Jardim Goiás, em Goiânia. À época, a Polícia Civil de Goiás fez um termo circunstanciado (TC), apontando que o barulho do grupo incomodou frequentadores idosos de uma praça.
Abrão Noleto, de 65 anos, foi quem abordou o grupo. Segundo ele, que trabalha com feira e falou com o Mais Goiás, ele já conhecia André que negociava para colocar produtos orgânicos, o que acabou não dando certo. No dia do incidente, o acusado e seu grupo acenderam uma churrasqueira na grama. Inicialmente, ele teria ido ver se era algum tipo de concorrente e dito que chamaria o pessoal da Guarda Civil Metropolitana.
“Nesse momento, André vem para cima de mim com um grupo de cinco ou seis e mostra o órgão genital como se fosse um documento. Aí, quando virei as costas, começou a me chamar de petista e ladrão.” Nesse momento, segundo relato, a briga se encerrou. Às 22h, quando a feira se encerrou, cercaram o carro de Abrão e tentaram tirá-lo do carro, cerca de sete pessoas. “Minha sorte é que o barulho foi ouvido pelo pessoal da feira. Meu enteado tomou uma espetada de uma faca no braço, que era dirigida a mim.”
Ainda conforme relatado, apesar do grupo, apenas dois foram levados para à delegacia. Abrão esperou até às 5h da manhã para ser atendido. Ele afirmou, ainda, que à época chegaram a colocar o enteado dele como possível agressor, “o que nunca foi verdade”. Posteriormente, o Ministério Público assumiu o processo, porém, na audiência de conciliação, Abrão optou por seguir adiante. Esta ocorreu há cerca de oito meses. “Resolvi parar o processo desse jeito”, relatou ao portal.
QG Rural
Na propriedade de André Luiz, sede do grupo autodenominado “QG Rural“, a PCDF, durante uma operação no domingo (21), encontrou notas fiscais e controle de gastos do acampamento – que ajudarão as autoridades a identificar os patrocinadores. Além disso, também foram apreendidos fogos de artifício, vários textos com planejamento de ações e discursos, cartazes, aparelhos de telefone celular, um facão, um cofre (que ainda será aberto) e outros materiais destinados a atos em favor do governo federal.
A chácara, com duas casas, também possuía barracas. No momento da operação, ocorrida antes dos protestos de domingo na Esplanada dos Ministérios, tinham duas pessoas no local. Segundo a PCDF, todo o imóvel é coberto por duas câmeras de segurança.
A Polícia Civil investiga os supostos crimes de milícia privada, ameaças e porte de armas.
Ameaça a Ibaneis
André Luiz Bastos gravou um vídeo com ameaças a Ibaneis depois do governador distrital determinar que os acampamentos do QG Rural e 300 do Brasil fossem desmontados e seus membros retirados da Esplanada dos Ministérios, no último dia 13 de junho. Depois de reclamara da ação da Polícia Militar (PM), que desfez o acampamento, ele dispara contra o gestor.
“Governador Ibaneis, o senhor foi hoje [13/06] lá no QG Rural, do lado do Ministério da Agricultura, e mandou derrubar nosso acampamento lá, né? (…) Pois é, governador, o senhor derrubou o acampamento de todos os produtores rurais do Brasil. Somos nós que estamos mantendo esse país e nós não vamos a aceitar a truculência, a forma como o senhor agiu, senhor Ibaneis. Nós vamos mostrar pro senhor com quem que o senhor mexeu”, ameaça.
E ainda: “O recado tá dado. (…) Agora é conosco, vamos mostrar com quem o senhor mexeu. (…) Nós vamos te pegar, seu safado. Vamos colocar o senhor no seu devido lugar, igual todos os governadores que traíram o presidente.”
O Mais Goiás tenta contato com o fazendeiro. O espaço permanece aberto para manifestação.
(Com informações do Metrópoles)