A queda brusca nas doações de sangue tem causado preocupação no Hospital de Câncer Araújo Jorge, em Goiânia. O ato voluntário diminuiu em 40% em julho e os estoques da unidade já estão em nível crítico. A média de coleta diária é de 60 bolsas, no entanto, estão sendo coletadas apenas 16. A unidade teme que pacientes oncológicos, que necessitam de transfusão diariamente, sejam afetados pelo déficit.
Segundo relata Kelly Alves, biomédica do banco de sangue do hospital, a unidade registrou queda nas doações em março, no início da pandemia e isolamento social. À época, apesar da diminuição, os estoques ainda eram suficientes para atender a demanda sem risco ou preocupação de falta. Porém, a situação agravou-se. Nas últimas semanas de julho, o hospital passou a viver um cenário de queda significativa, que ainda não havia presenciado.
Apesar da diminuição, Kelly ressalta que as transfusões não pararam. “É um serviço que nunca para, principalmente para pacientes oncológicos. É um tratamento que não pode ser prorrogado, tem que ter sequência. As transfusões não podem esperar e acontecem independentemente do período pandêmico”, afirmou.
Segundo a profissional, a preocupação é grande, já que a falta de sangue nos estoques pode acarretar, inclusive, na perda de vidas. “A própria doença já deixa as pessoas debilitadas. Tratamentos como a quimioterapia deixam pacientes vulneráveis, pois não atacam apenas células cancerígenas, mas destroem as de sangue também. Por isso a reposição de sangue é tão necessária”.
Dificuldade de captação
Ainda de acordo com Kelly, uma das grandes problemáticas do Hospital de Câncer é a captação de doadores. Ela ressalta que a unidade faz campanhas e tenta atrair familiares de pacientes. O problema é que boa parte dos pacientes mora em outras cidades e até mesmo em outros estados, o que dificulta a vinda deles para doar sangue.
“Dependemos muito mais daquele doador regular, que sabe da importância da doação. O hospital realmente necessita da ajuda das pessoas porque os estoques estão em um nível crítico. A gente depende muito da sensibilidade do doador voluntário e regular”, disse.
A queda brusca nas doações de sangue tem causado preocupação no Hospital de Câncer Araújo Jorge, em Goiânia. (Foto: divulgação)
A queda brusca nas doações de sangue tem causado preocupação no Hospital de Câncer Araújo Jorge, em Goiânia – imagem feita antes da pandemia (Foto: divulgação)
Kelly Alves reforça a necessidade de doação e pede para que a população “abrace” a causa para que o banco de sangue esteja em níveis aceitáveis e sem risco de falta. Para doar, os interessados devem ir até o hospital localizado no Setor Leste Universitário, em Goiânia, munido de documento pessoal com foto.
Conforme a biomédica, o interessado é cadastrado e o doador passará por triagem clínica e técnica. Caso esteja apto a doar sangue, já realiza todo o procedimento que demora, em média, 30 minutos. A doação também pode ser agendada pelo telefone (62) 3243-7031.
“A população não precisa ficar preocupada com a contaminação pelo coronavírus, pois estamos tomando todas as medidas de segurança e saúde. Usando máscara e todos os equipamentos necessários, além do cuidado para evitar aglomerações”, finalizou.