O MPF (Ministério Público Federal) pediu à Justiça Federal que o deputado Aécio Neves (PSDB-MG) seja condenado por corrupção passiva e perca o mandato por um suposto recebimento de propina. O parlamentar é acusado pelo MPF de ter recebido, em 2017, R$ 2 milhões do então presidente da J&F, Joesley Batista. À época, Aécio era senador.
Outro pedido do Ministério Público é para que o parlamentar seja obrigado a devolver os R$ 2 milhões recebidos em propina e a pagar R$ 4 milhões para reparação dos danos morais decorrentes da corrupção.
Segundo o Ministério Público, a propina foi entregue em dinheiro vivo e dada a Aécio em quatro parcelas. Investigações da Polícia Federal constataram que o dinheiro foi levado ao parlamenar dentro de malas de São Paulo até Minas Gerais. A maior parte dos pagamentos foi flagrada e filmada pela corporação.
A intenção do presidente da J&F com os pagamentos, de acordo com o MPF, era “comprar boas relações” com o então senador e contar com ele como importante aliado político.
Os pedidos do MPF fazem parte das alegações finais apresentadas pelo órgão, que constituem a última etapa do processo antes do julgamento. O processo corre desde junho de 2017, quando a PGR (Procuradoria-Geral da República) ofereceu denúncia contra o deputado.
Além de Aécio Neves, responde pelo crime a irmã dele, Andrea Neves da Cunha, que inicialmente solicitou a quantia ao empresário em nome do parlamentar. Outras duas pessoas foram denunciadas. Elas seriam as responsáveis pela retirada das parcelas de R$ 500 mil e pelo transporte dos valores até a capital mineira.
Em nota enviada à imprensa, a defesa de Aécio Neves garante que o deputado não cometeu nenhum crime.
Segundo os advogados, o Ministério Público “surpreendentemente, ignorou o fato de que os próprios delatores, quando ouvidos em juízo, afastaram qualquer ilicitude envolvendo o empréstimo feito ao Deputado que, segundo eles próprios, não teve qualquer contrapartida”.
“As provas deixaram clara a inexistência de qualquer crime e a defesa aguarda, com tranquilidade, a apreciação pelo Poder Judiciário”, afirma a defesa do deputado.