O dólar fechou em firme alta ante o real nesta segunda-feira (15), com o mercado avaliando o recente noticiário local e seus impactos sobre a agenda de reformas fiscais e econômicas.
A moeda, contudo, se afastou das máximas da sessão, na esteira de melhora nos mercados financeiros internacionais após o Federal Reserve (FED, banco central dos Estados Unidos) anunciar que comprará a partir de terça-feira títulos corporativos individuais, ampliando o escopo de classes de ativos beneficiadas com seus programas de liquidez.
O dólar à vista subiu 1,92%, a R$ 5,1421 na venda. O real teve o pior desempenho entre as principais divisas globais nesta sessão.
A cotação operou em alta durante todo o dia. Na máxima, disparou 3,60%, para R$ 5,2269. Na mínima, subiu 0,68%, a R$ 5,0797.
O mercado começou o dia reagindo à informação do fim de semana sobre o pedido de Mansueto Almeida –tido como defensor de iniciativas de responsabilidade fiscal– para deixar o cargo de secretário do Tesouro Nacional. Na tarde desta segunda, o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o atual diretor de Programas na Secretaria Especial da Fazenda do Ministério da Economia, Bruno Funchal, será o novo secretário do Tesouro.
O anúncio da saída de Mansueto pegou o mercado num momento de grande preocupação do lado das contas públicas, em meio ao aumento de gastos para fazer frente ao covid-19.
Ainda em Brasília, a prisão da ativista Sara Winter e de outros cinco integrantes do grupo 300 pelo Brasil, liderado por ela e que apoia o presidente Jair Bolsonaro, voltou a colocar em destaque as acirradas tensões do Executivo com o Judiciário.
Para a Guide Investimentos, a combinação de fatores domésticos com o exterior negativo mais cedo na sessão apontava um dia de perdas para os mercados locais.
À tarde, porém, ativos de risco em todo o mundo melhoraram o sinal com a notícia de que o Fed começará na terça-feira a comprar títulos corporativos por meio de instrumento de crédito corporativo do mercado secundário (SMCCF, na sigla em inglês), uma das várias ferramentas de emergência recentemente lançadas pelo banco central dos Estados Unidos para melhorar o funcionamento do mercado na esteira da pandemia do coronavírus.
Os índices de ações em Nova York fecharam em alta depois de quedas mais cedo, e moedas de risco abandonaram as mínimas da sessão.
“O mercado parece mais preocupado com a pandemia e seus efeitos deflacionários”, disse Luis Laudisio, operador da Renascença.
Esta semana tem como destaque no Brasil a decisão de política monetária do Banco Central. Há especulações de que o BC pode deixar a porta aberta para novos cortes da Selic diante das fracas leituras de inflação e do colapso da economia.
O real perde 21,96% no ano, pior desempenho global. A queda dos juros é citada como fator que pressionou o câmbio nos últimos tempos, já que reduziu a taxa paga por títulos de renda fixa e colocou o Brasil em desvantagem em relação a outros emergentes com juros básicos mais elevados.